Evento em São Paulo destaca inovações em túneis e segurança no uso de explosivos

Blastech reúne cadeia produtiva de explosivos para discutir métodos e capacitação técnica.

A Pedra Branca Escavações e sua parceira PHI Engenharia de Explosivos apresentam abordagens técnicas para a escavação de túneis e o desmonte de rochas no II Encontro Técnico de Explosivos Industriais (Blastech). O evento, que congrega a cadeia produtiva do setor, é realizado nos dias 10 e 11 de setembro de 2025, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. As apresentações focam em métodos construtivos e modelos de segurança para obras de infraestrutura.

O encontro tem por finalidade reunir empresas produtoras de explosivos, fornecedores de serviços e equipamentos, além de aproximá-los de setores consumidores como construção civil, mineração e pedreiras. Segundo os realizadores, a Associação Brasileira das Indústrias de Explosivos e o Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de São Paulo, a iniciativa busca caminhos para a simplificação e desregulamentação das atividades.

O objetivo do evento é gerar emprego e renda, além de criar condições para o financiamento de empresas setoriais. A programação privilegia ações no campo da educação, com prioridade para o treinamento de especialistas e o fomento ao empreendedorismo. A articulação com entidades de ensino, em níveis nacional e internacional, visa à realização de programas de capacitação e à apresentação de novas tecnologias, com a meta de consolidar o evento como o maior da América do Sul.

Pesquisa de Maciel

Neste cenário, o diretor técnico da Pedra Branca Escavações, Luiz Guilherme Isfer Maciel, detalha a aplicação do Novo Método Austríaco de Túneis (NATM) com uso de explosivos, conhecido como escavação a fogo ou drill and blast. Ele descreve a técnica como uma abordagem multidisciplinar que combina conhecimentos de geotecnia, engenharia e construção para a execução de obras subterrâneas.

O método NATM integra técnicas de escavação e a instalação de sistemas de suporte para criar túneis e galerias de forma eficiente e segura. A abordagem leva em consideração as condições geológicas do local, o que torna o resultado do plano de fogo um fator crucial para a estabilidade da estrutura. A análise geotécnica, segundo Maciel, é fundamental para compreender o comportamento do solo e das rochas.

Com base nesse entendimento, engenheiros e construtores tomam decisões informadas sobre a melhor abordagem para a escavação. O método também oferece benefícios ambientais e econômicos ao reduzir a quantidade de material removido e minimizar a perturbação do solo, o que pode tornar os projetos mais econômicos em comparação com abordagens tradicionais.

O planejamento de todas as atividades, a partir do plano de fogo, e a integração de tecnologias de informação e comunicação (TICs) são apontados como desafios que demandam capacitação. O uso dessas tecnologias permite uma gestão mais eficaz e transparente do projeto, o que alinha todas as partes envolvidas com os objetivos da obra. A educação e o treinamento contínuo são, portanto, essenciais para que os profissionais contribuam para a construção de infraestruturas seguras.

Pesquisa de Golin

Para ampliar a discussão sobre segurança e precisão, o proprietário da PHI Engenharia de Explosivos, Fernando Golin, aborda a gestão de incertezas no desmonte de rochas. Ele explica que as variáveis envolvidas no processo possuem um grau de imprevisibilidade e que o uso de valores fixos ou médios pode conduzir a resultados inesperados e a uma interpretação errônea da teoria aplicada.

Para contornar essa questão, Golin propõe tratar as variáveis como um intervalo de valores com determinada probabilidade de ocorrência. Esta modelagem permite gerenciar as incertezas e conduzir a desmontes mais seguros, pois engloba as imprecisões das variáveis. A abordagem é útil na simulação de vibrações, no controle do alcance de fragmentos de rocha (flyrock) e na busca pelo melhor dimensionamento da perfuração.

Golin aponta o uso de ferramentas consolidadas para problemas de otimização, como Simulações Monte Carlo, Lógica Fuzzy e estatística Bayesiana. Ele destaca que, além de determinar intervalos seguros, essas simulações podem identificar condições de fronteira críticas que, se ultrapassadas, conduzem a situações de risco. Sua apresentação introduz o conceito de "Envelope de Segurança", inspirado na aviação.

O "Envelope de Segurança" consiste em um conjunto de variáveis que devem ser mantidas dentro de um intervalo de valores para que a operação de desmonte permaneça contida em limites seguros. Desta forma, o projetista pode fornecer parâmetros que são facilmente seguidos e observados em campo. Golin apresenta três casos de uso em que o controle de vibração e flyrock foram fatores críticos no dimensionamento do desmonte.