João Luiz Armelin defende uso de túneis para mobilidade e superação de barreiras naturais

Consultor destaca papel dos túneis na reorganização urbana e conexão em áreas de relevo complexo.

Belo Horizonte – As soluções subterrâneas são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da mobilidade e da sustentabilidade nas cidades. A afirmação é do consultor em geotecnia, João Luiz Armelin, durante entrevista concedida ao diretor técnico da Pedra Branca Escavações, Luiz Guilherme Isfer Maciel, no âmbito do 18º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental (CBGE).

O encontro entre os profissionais ocorre em um momento de intensos debates sobre a resiliência da infraestrutura frente a eventos climáticos extremos, tema central do congresso. Armelin, uma referência na área, oferece uma perspectiva consolidada por décadas de experiência em projetos de grande complexidade.

Sua trajetória acadêmica e profissional sustenta sua autoridade no setor. Graduou-se em engenharia geológica em 1972 pela Universidade Federal de Ouro Preto, uma das instituições mais tradicionais do país. Anos mais tarde, em 2010, obteve o título de doutor em geotecnia pela Universidade de Brasília, consolidando sua base teórica.

A carreira do especialista se concentra nas áreas de geologia de engenharia e geotecnia, com uma participação expressiva em obras de infraestrutura que moldam o país. Seus trabalhos incluem projetos em rodovias e ferrovias, com um notável histórico em atividades ligadas ao projeto, construção e inspeção de barragens.

Para o consultor, o papel dos túneis transcende a mera funcionalidade de passagem. Ele aponta que, em termos de mobilidade urbana e revitalização de regiões de grandes capitais, essas obras são cruciais. A capacidade de criar novos eixos de transporte sem impactar a superfície otimiza o espaço e reorganiza a dinâmica das metrópoles.

Além do cenário urbano, Armelin destaca a função das escavações na transposição de obstáculos naturais. Em geografias complexas, onde serras ou grandes corpos d'água impõem desafios logísticos, a engenharia de túneis se apresenta como uma solução estratégica e, muitas vezes, a mais viável para conectar territórios.

Ele cita como exemplo o projeto do túnel imerso Santos-Guarujá. Embora a obra não corresponda à imagem tradicional de um túnel escavado em rocha, ele a classifica como uma "solução providencial" para as duas cidades. O projeto demonstra a versatilidade das tecnologias subterrâneas para atender demandas específicas de infraestrutura.

Ao detalhar sua própria experiência, Armelin esclarece sua contribuição em projetos de túneis. Ele informa que não atuou na proposição direta das soluções, mas sim em fases posteriores e igualmente críticas. Sua participação se deu no acompanhamento da instrumentação e no monitoramento das obras, garantindo a segurança e a performance das estruturas.

O especialista também ressalta a importância de eventos como o CBGE para o fortalecimento do setor. Ele considera que estes encontros são oportunidades únicas para ter contato com novos métodos de divulgação e conhecer as atividades de diferentes empresas. Para Armelin, a troca de conhecimento é um pilar para o avanço da engenharia.

Em sua visão, esses ambientes propiciam o aprofundamento técnico, o conhecimento de novas soluções e a adoção de novas tecnologias. Ele se declara um apaixonado pela engenharia e vê nos congressos um ecossistema fértil para a colaboração. “A gente fica mais forte juntos”, conclui. A engenharia, segundo ele, ganha muito com a sinergia gerada nesses eventos.